Aulas do Projeto Cozinha & Voz começam no MPT-GO

A iniciativa visa promover o acolhimento, inclusão e empregabilidade da população transexual e travesti do Estado de Goiás

Começaram na manhã de ontem (1) as aulas do “Projeto Cozinha & Voz – Empregabilidade Trans”. Trinta e cinco homens e mulheres transexuais e travestis foram selecionados para participar da iniciativa durante os meses de outubro e novembro. Além do curso de assistente de cozinha a ser ministrado pela Faculdade Cambury, serão oferecidas semanalmente oficinas de poesia, rodas de conversa, workshops e palestras. Para dar início aos encontros, essa semana, a poetisa e atriz Elisa Lucinda promoverá uma oficina de poesia falada - a qual se encerrará com um recital no dia 4 (quinta-feira).

O projeto é fruto de parceria entre o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Organização Internacional do Trabalho (OIT) para promover formação profissional e inserção no mercado de trabalho de pessoas travestis e transexuais. A empregabilidade da população trans é uma das prioridades do MPT, que promove esforços por meio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade de Oportunidades e Combate à Discriminação no Trabalho (Coordigualdade).

“Toda a programação foi pensada com muito carinho para que consigamos realmente promover uma transformação positiva na vida de vocês”, afirmou o procurador-chefe do MPT-GO, Tiago Ranieri, ao receber as alunas e alunos na sede do órgão. Ranieri explicou, ainda, que o “Cozinha & Voz” faz parte de estratégia para promover oportunidades de maneira que todas as pessoas possam ter acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições de igualdade, segurança e dignidade.

Após um breve retrospecto sobre a atuação do MPT em relação às causas da comunidade lésbica, gay, bissexual, transexual e travesti (LGBTT), a coordenadora regional da Coordigualdade, Janilda Lima, fez questão de ressaltar aos presentes a importância de que se envolvessem com o projeto. A procuradora do Trabalho reforçou especialmente a capacidade empoderadora da arte e da poesia, as quais, segundo ela, podem ser responsáveis pela transformação do relacionamento que as pessoas têm com elas mesmas.

Antes de começar propriamente a oficina de poesia falada, a responsável pelo encontro, Elisa Lucinda, levantou a reflexão acerca de como a sociedade oprime as minorias a partir da subtração de seus espaços de discurso. “Faz sentido que não queiram que nós falemos, quanto menos informação as pessoas têm, mais fácil é domina-las. Por isso precisamos aprender a usar a palavra em nosso favor”, esclareceu.

(Trans)formação

Participantes do projeto, Karlla Ariella e Thomas Cristian estão esperançosos quanto às possibilidades que o “Cozinha e Voz” pode oferecer. “Estamos aqui para ousar e queremos conquistar o espaço que nos é negado. Minhas expectativas são altas”, afirma Karlla. “O fato do projeto ser voltado apenas para pessoas trans chamou minha atenção. Finalmente fizeram algo que mostrasse que nós existimos, que não somos diferentes e merecemos oportunidades como qualquer outra pessoa”, completa Thomas.

A representante da Associação de Travestis Transexuais e Transgêneros de Goiás (Astral-GO), Cristiany Beatriz, explica que a entidade é uma das apoiadoras do projeto porque enxerga a necessidade de respaldo às pessoas trans na questão da inclusão social, principalmente no que diz respeito ao mercado de trabalho. Segundo Cristiany, o preconceito da sociedade em relação à identidade de gênero é um obstáculo para alcançar a empregabilidade. “São pessoas que sofrem preconceito até no seio de suas famílias e o curso vem também para fortalecer esse lado da dignidade humana e da inclusão social”, finaliza.

Projeto “Cozinha e Voz - Empregabilidade Trans”

O projeto nasceu no MPT em São Paulo, onde já foram realizadas duas edições. Na capital paulista, o programa do curso de assistente de cozinha foi elaborado pela chef de cozinha e empresária Paola Carosella, juntamente com o Grupo Educacional Hotec. A primeira versão foi capaz de incluir 70% dos alunos no mercado de trabalho.

Além de São Paulo, outras cidades contarão com projetos similares. No Rio de Janeiro e no Pará, as unidades do MPT já se organizam, para, agora, no segundo semestre deste ano, ofertar cursos nos mesmos moldes também voltados para mulheres e homens transexuais e travestis. Já na Bahia será ministrada a mesma capacitação para outro público: jovens negras e negros na comunidade Calabar, em Salvador.

No Estado de Goiás, o “Cozinha e Voz - Empregabilidade Trans” tem como apoiadores a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes de Goiás (Abrasel-GO), Antra, Astral-GO, Coletivo Rexistência, Coletivo TransAção, Fórum Nacional de Travestis Negras e Negros (Fonatrans), Fórum de Transexuais de Goiás e o Instituto Brasileiro de Direito de Família (IBDFAM). A duração prevista do projeto é até o dia 22 de novembro, quando será realizada uma solenidade de formatura.

 

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