Saberes tradicionais da Cidade de Goiás são tema de capacitação profissional custeada pelo MPT-GO
Atividades são voltadas para pessoas com deficiência e em vulnerabilidade
Foi realizado ontem (13/10), na Cidade de Goiás/GO, o evento que marcou o início de duas capacitações profissionais no município: a segunda turma do projeto “É de Menina que se Torna Coralina”, com oficinas de saberes tradicionais vilaboenses para 20 adolescentes em vulnerabilidade socioeconômica, entre 14 e 18 anos, residentes na cidade; e da 18ª turma do curso de Gastronomia e Letramento Literário, voltado para mulheres com deficiência (visual, auditiva e outras) dos municípios de Goiânia e da Cidade de Goiás.
Ambas as iniciativas são resultado da parceria entre a Associação Mulheres Coralinas (Ascoralinas) e o projeto de empregabilidade “Mais Um Sem Dor”, coordenado e custeado pelo Ministério Público do Trabalho em Goiás (MPT-GO).
Dentro do projeto “É de Menina que se Torna Coralina”, que terá duração de seis meses, serão realizadas oficinas nas áreas de gastronomia, bordado, encadernação e cerâmica, todas ministradas pelas associadas de Ascoralinas. Haverá também rodas de conversa e leitura das obras de poetas vilaboenses, além de escritoras e pensadoras brasileiras e estrangeiras. A primeira turma formou-se em junho deste ano.
Já o curso de Gastronomia e Letramento Literário terá duração de quatro dias e igualmente será ministrado pelas associadas de Ascoralinas. As mulheres com deficiência participarão ainda de rodas de conversa e leituras de textos de autoras locais e nacionais, tudo feito de maneira acessível, para que todas possam acompanhar o que está sendo ensinado.
No evento, que ocorreu na sede de Ascoralinas, o MPT-GO foi representado pelo procurador do Trabalho Tiago Ranieri, coordenador do “Mais Um Sem Dor”. “Nossa empatia é estar aqui como aliados, com uma escuta ativa e afetiva, para que, com esse alinhamento, a gente construa uma sociedade mais justa, solidária, diversa e inclusiva”, afirmou em sua fala.
Na ocasião, Ranieri concedeu os selos “Agentes Políticas Amigas da Diversidade” a duas mulheres apoiadoras do “Mais Um Sem Dor” e de Ascoralinas: a desembargadora do Trabalho Wanda Lúcia Ramos e a procuradora do Trabalho Janilda Lima. Tiago relembrou que o apoio foi fundamental para que Ascoralinas fossem vencedoras, neste ano, do Prêmio de Direitos Humanos concedido pela Anamatra, na categoria Raça, Gênero e Diversidade.
Mulheres Coralinas
A Associação Mulheres Coralinas oferece qualificação profissional a mulheres cis e trans em situação de vulnerabilidade socioeconômica, de modo a potencializar as condições de trabalho coletivo, possibilitando ações de capacitação, de resgate de saberes tradicionais e de convivência cultural e criativa. A entidade iniciou suas atividades em 2013 e formalizou-se como associação em 2016.
O apoio do MPT-GO e do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região (TRT 18) à entidade, que vem principalmente na forma de custeio de cursos de capacitação/profissionalização, tem a finalidade de profissionalizar a habilidade artística de cada uma (culinária, bordado e cerâmica), de forma a agregar valor comercial aos produtos criados pelas coralinas, o que impacta na geração e/ou ampliação da renda das associadas. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) também é parceira dos projetos de Ascoralinas.
“Mais Um Sem Dor”
O “Mais Um Sem Dor” é um projeto de empregabilidade que desde 2018 vem promovendo formação humana, qualificação profissional e encaminhamento ao mercado formal de trabalho de pessoas em vulnerabilidade socioeconômica (pessoas em situação de rua, trans, travestis, mulheres negras, imigrantes, refugiados, quilombolas, mulheres que estão cumprindo pena em regime fechado, entre outros).
O projeto nasceu da união de esforços do MPT-GO e do TRT 18, com apoio da Federação das Indústrias do Estado de Goiás (FIEG) e do Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), sendo este o responsável por ministrar os cursos ofertados aos participantes da iniciativa. É custeado por destinações feitas pelos dois órgãos, as quais têm origem em reparações financeiras pagas por empresas que desrespeitam a legislação trabalhista.
Já foram 22 cidades goianas atendidas e cerca de 2,7 mil pessoas qualificadas diretamente, além de outras 10 mil de forma indireta. Mais de 70 empresas parceiras já contrataram e continuam contratando pessoas qualificadas pelo projeto.
Fotos: Ascoralinas.